quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Renovação: a crença...

 A poucas horas deste atípico, mal fadado e esquizofrênico ano terminar, eu, como tantas outras pessoas, decidi parar dois minutos e olhar para trás... tento raciocinar em retrospectiva. Semicerro os olhos.. tento perspectivar o que aí vem...

Este exercício é vão, claro. Não serve para nada! Não vai mudar o que já lá vai. Não me vai realmente mudar para que possa ativamente e conscientemente alterar o que o novo ano vai trazer. Mas é praxe, acho... Faz parte da rotina, e até dava azar se não o fizesse... Pelo menos assim teimo em acreditar.

Tal qual clichê, como resultado destes momentos de inspiração, espremi os pensamentos e interiorizei que a minha felicidade só depende de mim. E que a minha felicidade vai influenciar a dos outros. E isso é, claramente, importante e um ponto a reter, relembrar e reforçar nesta interiorização de última hora.

Alguém me disse, que se eu não conseguir ser feliz comigo, não vou ser feliz com ninguém e "até no meio de uma multidão, não serei feliz". 

Os acontecimentos dos últimos tempos, agravados por este síndrome de pandemia e isolamento familiar e social, cravaram-me sentimentos e sensações de dormência, de "escuro", de insatisfação... Mas o certo é que, tal e qual a todos os que "cá" andam, quero ser feliz! Terei então de começar pela auto conquista...

Esta é, assim, a minha crença para a renovação.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

The others...

Aquela sensação esquisita, mas no fundo reconfortante e com a qual convivi a minha vida toda, de que o "mal só acontece aos outros", está-se a desvanecer de uma forma muito inquietante. Queria mesmo ter esse chavão no meu quotidiano, mas cada dia novo que nasce, com o abrir dos olhos, agarra-se a mim cada vez mais, qual sanguessuga, a consciencialização de que nós próprios somos "os outros" dos outros... Eu sou "os outros"!
É aterrador...

quarta-feira, 15 de julho de 2020

2020 VIRUS WORLD PROJECT... o futuro projectado num filme de 1982.

Tendo este blogue 11 anos (11 anos????), acho que me é automaticamente verificado o direito e pertinência de também (há semelhança de 99.99999% das pessoas) fazer / escrever meia dúzia de palavras, que serão o meu vislumbre do que é isto de viver em 2020.

Ás vezes, naquele estado de meia acordada meia a dormir "sonhenso" (palavra da minha autoria que descreve esse acto de  sonhar e pensar em sobreposição) que ISTO não está a acontecer na realidade e que esse sentimento que me assola de "mas que raio se passa aqui" é puramente fruto de um filme que comecei a ver e acabei por adormecer a meio. ISTO, é este vírus que apelidaram de COVID 19. ISTO, é estas amarras que em pleno século XXI (o século das liberdades) se impõem. ISTO, é esta brisa de medo, que não é só matinal, este toque de desconfiança permanente, que não é superficial, este sabor amargo constante, que persiste num infindável final de boca. ISTO, é esta realidade surreal que estamos a viver e que sinceramente parece um filme de produzido em 1982 que conta a vida na Terra em 2020.

2020 Virus World Project, seria o nome do filme. E a sinopse seria mais ou menos assim (para trailer, por favor acrescentar jogo de luzes e rufos a gosto):

"Ano: 2020. População Mundial em janeiro: 7.800.100,545. População Mundial em julho: 7.798.200,123. Estimativa para novembro: 7.000.000,000. O Planeta Terra encontra-se grandemente afetado por um vírus que se propagou à escala Mundial. Todos os países têm infeções crescentes, nenhuma comunidade viva se encontra ilesa. O risco de contágio é iminente, imperial e invisível. Todos podemos estar já contaminados, sem sabermos. Todos somos potenciais assassinos. A luta pela sobrevivência, a luta pela cura, a luta pela proteção social, a luta pelo direito de ser livre, vivida em pleno século XXI. As novas rotinas, os novos hábitos, as novas regras sociais e limitações, impostas a uma sociedade mundial habituada a viver em contexto liberal e futurista. O clima geral de desconfiança no seio da população, as suspeitas políticas e económicas de complôs organizados, o apontar do dedo do próprio planeta à super potência China por ser incubadora e potenciadora do vírus e da sua propagação, pela sua histórica e tradicional cultura alimentar que inclui a ingestão de todo e qualquer ser vivo que caminhe de costas para a lua, que comercializa em mercados deploráveis.

Teremos chegado à nova era da Arca de Noé?"

quarta-feira, 22 de abril de 2020

... (II)

Queria que recolhesse ao seu cantinho dentro do peito, de onde não deveria ter-se soltado. Queria poder voltar a trás e nunca ter permitido que se expressasse, que nunca mostrasse a sua existência, mesmo que tivessem sido só percebidos laivos, sombras, pequenas insinuações de presença. Foi-se soltando de mansinho, em silenciosos passinhos que só consegui travar quando, pela minha inércia, começaram a ecoar. Não podendo retroceder no tempo, queria poder retroceder o trajeto que percorreu e deixa-lo descansado e tranquilo no pequeno lugar onde o confinei durante sempre. Convivemos, vivemos e sobrevivemos os dois, assim, por anos... Eu e este apontamento, esta pequena grande panóplia de sensações, ao qual nunca me atrevi de reconhecer como sentimento.
Mas as gotinhas que escaparam e derramaram, ganharam vontade de ser mar, e na imensidão em que se acreditam, reduzi-las e tranca-las revela-se numa tarefa que exige muito mais além da coragem, da força e da vontade. Exige algo que não sei o que é, não sei como cumprir.
A verdade é que esta inquietude que sempre me habitou, mas que dominava e domava, sempre se quis fazer entender como um desígnio, como um sinal, como uma peça solta de um puzzle final. Eu... sempre a quis ver como um pequeno delírio, um escape mental que visitava algumas vezes. Podia, assim, entrar numa outra dimensão, à minha medida quase, e viver uma vida paralela, só por fechar os olhos... Mas quando os abria, a portinha do cantinho fechava-se, tudo ficava em silencio e tranquilo até à próxima visita.