É, por norma, assim... Não posso, e já devia saber que não devo, criar grandes espectativas sobre algo porque a minha pessoa tem especial tendência para a desilusão.
Falo do tal restaurante que, "em pulgas", comentei que iria voltar ao fim de tantos anos. Para matar a sede à alma, aconchegar o espírito e mimar-me...
Sublinho: o restaurante em si, no seu toque especial de simplicidade que abraça o rústico e, ao memso tempo, o requinte, é fabuloso. Nada de grandes decorações. Nada de grandes pormenores. Com mesas de duas ou quatro pessoas em madeira escura que contrasta com o tosco da pedra. Mesas bem postas. Meia luz. Muito bonito, a meu ver. As ementas superaram em termos de preços (entenda-se que está bem mais caro). Até a minha alma pecaminhosa e caprichosa teve peso na consciência... Os pratos continuam saborosos e bem decorados. E ainda existe a minha sobremesa favorita de todos os tempos e todos os lugares! Coincidentemente, esse bolinho de chocolate a derreter acompanhado de uma bola de gelado não alterou de forma evidente o preço e por isso, mantém-se como o produto de eleição naquele lugar.
Preços à parte, até porque "dia não são dias", estava longe de ser pelo valor impresso no ticket que o "Douro In" me desiludiria.
Em Viseu estou habituada a ver os proprietários dos restaurantes a tentarem, da forma mais cordial, "recompensar" os clientes pela preferência na escolha do local onde jantar. E, até porque o "cliente tem sempre razão", até porque fiz reserva e mencionei que iriamos de propósito lá jantar, até porque lhes ficava bem, desiludiu-me o "remate" do jantar.
A funcionária propôs que subissemos ao andar de cima onde tinham um bar. O restaurante eu conhecia, o bar não. Pareceu-me conveniente. Assenti logo que iriamos, ainda embebida no entusiasmo que me levara até lá. E, perguntei: "Será oferta da casa a 1ª bebida que consumirmos?". Acreditem... a minha pergunta era retórica, porque me pareceu demasiado óbvio que, dado o contexto, a sugestão, o valor pago... que sim. Mas a moça, atrapalhou-se, gargarejou algumas sílabas das quais retirei que "ela não mandava", "não sabia" e para "perguntarmos ao colega do bar". Bem...pensei:"é nova aqui, de certeza. E não quis prometer algo que não sabia se podia cumprir". Ainda assim, subimos. Bar agradável, devo confessar. Com uma grande esplanada a lembrar bares latinos (relembro que o bar ficava por cima do restaurante, portanto, num 3ª andar à beira Douro). Achei, mais uma vez, fantástico. Mas neste meu encanto todo começou a chover torrencialmente quando, abordado com a mesma questão, o funcionário "espingardou" algo como:" se a minha colega deu a entender isso vou já ligar para baixo para confirmar. mas isto nunca aconteceu".
God Save me!... "Isto não me está a acontecer...", pensei. Definitivamente este não é o tratamento a que estou habituada, nem por sombras. E quem me conhece sabe que até já trabalhei num restaurante que tinha numa dependência um bar e este tipo de comportamento seria totalmente inadmissível.
Escusado seria acrescentar que a noite perdeu muito do brilho que lhe tinha encomendado...
Por fim, o barman traz as bebidas que fizemos questão de pedir e pagar. Embora, depois de ter caído em si, o homenzinho tenha tentado compôr as coisas, lá deixámos o dinheiro contra a vontade dele.
E contra a minha vontade, lá me transportei até ao hotel e, comigo uma sensação oca de desilusão!
Enfim, melhores ocasiões acontecerão!